Reforma à vista. Salve-se quem puder

Por Aristides Agrelli Filho, Presidente do Sindicato da Saúde de São José do Rio Preto e Região e 1º tesoureiro da Federação dos Trabalhadores da Saúde do Estado de São Paulo 01/02/2017

Tempos escuros esperam os trabalhadores da nova geração, caso a reforma da Previdência, ventilada nos corredores do poder, realmente seja aprovada e colocada em prática. Dentre os pontos que mais causam preocupação na classe trabalhadora é a elevação de idade mínima para se aposentar, que subiria para 65 anos para ambos os sexos (homens e mulheres). Com isto aquele trabalhador que se inicia cedo no mercado de trabalho será o maior prejudicado com a mudança.

Outro ponto que preocupa é que o tempo de contribuição também poderá aumentar, chegando até 49 anos. Como representante de uma categoria em que mais de 90% dos trabalhadores são mulheres, o que mais preocupa é que, tendo como pano de fundo, que as mulheres vivem mais do que os homens e elas se aposentam atualmente cinco anos mais cedo, é necessário a uniformização, em que homens e mulheres terão que trabalhar ou ter a mesma idade mínima (65 anos) para poder se aposentar.

Essas mudanças serão muito prejudiciais à classe trabalhadora e, por isso, temos que lutar para manter a regra 85/95, que prevê aumento progressivo da soma entre idade e tempo de contribuição até o ano de 2.027. Outro problema que não podemos deixar de discutir é que se houver uma mudança na fórmula que ela não seja aplicada para os trabalhadores que já estão no sistema, como defende o Governo Federal e o setor empresarial. Temos que ter uma transição em que esta regra nova, caso venha a ser aprovada, tenha validade apenas para os novos trabalhadores que entrarem no mercado de trabalho.

E diferente do que muitos tentam colocar na mente da população que a média de idade de aposentadoria no País é baixa, deve ser desmentido, pois estudo recente feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) aponta que trabalhadores com menor rendimento salarial, que são a maioria no Brasil, aposentam-se com uma média de 60 anos. Isto porque muitos destes trabalhadores atuam, durante um período da sua vida, na informalidade.

O mesmo estudo mostra que os trabalhadores urbanos com maiores rendimentos, acabam se aposentando com a idade tão falada pelo Governo Federal e as grandes mídias em torno dos 50 anos. E como a maioria da classe trabalhadora brasileira, infelizmente, está enquadrada com os menores rendimentos, acaba sendo a mais prejudicada. E já que o governo quer tanto acabar com a sangria dos cofres da Previdência, que tal mexerem primeiro com as altas aposentadorias pagas aos políticos e aos que exercem cargos políticos, dentre eles o próprio presidente da República? 

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