Sessão Solene  homenageia  profissional da saúde na Alesp e  ressalta maldades do governo contra o trabalhador

22/05/2019

Representantes dos cerca de 1 milhão de trabalhadores da saúde do Estado de São Paulo, das áreas de enfermagem, administração e apoio, lotaram as galerias do plenário da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) para prestigiar as homenagens ao Dia Estadual do Trabalhador da Saúde, comemorado em 12 de maio.

A sessão solene aconteceu na última sexta-feira, dia 17 de maio, mas foi além das homenagens e destacou as maldades que o governo tem feito contra o trabalhador simples. Doze trabalhadores, representantes dos sindicatos filiados à Federação Paulista da Saúde receberam premiações em nome da categoria.
 
O Dia Estadual do Trabalhador da Saúde foi instituindo em lei em 2004  pelo então governador Geraldo Alkmin, após um projeto de lei de autoria do deputado estadual Rafael Silva, que desde então coordena a sessão de homenagem no plenário da Alesp, a casa dos deputados paulistas. O trabalho pela valorização da categoria vem de longa data, segundo a Federação, que já em 1990 chegou a conquistar o benefício do feriado da categoria.
 
 
Além de Rafael Silva, a sessão contou com Edison Laércio de Oliveira, presidente da Federação dos Trabalhadores da Saúde; Ricardo Patah, presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT); Canindé Pegado, secretário-geral da UGT, além do deputado tenente Manoel Nascimento e do vereador por Franca Claudinei da Rocha. Destaque, porém, para os cerca de 500 profissionais da saúde presentes na cerimônia. 
 
No discurso de todos estavam a reconhecimento ao trabalhador da saúde, quase nunca valorizado em seu ambiente de trabalho. E ainda as críticas à proposta de reforma da Previdência Social, que traz uma série de maldades contra o trabalhador, incluindo aposentadoria só aos 65 anos de idade e o fim da aposentadoria especial aos 25 para quem trabalha na saúde em local insalubre.
 
Para Rafael Silva, a saúde não é só importante, é primordial. “Precisamos realmente desse carinho para com o pessoal da saúde. Já passei por atendimentos em hospitais e, olha, esse povo, está lá trabalhando. Desempenham um verdadeiro sacerdócio."
 
Na opinião dele, quem trabalha na saúde faz mais do que apenas trabalhar. "É uma dedicação de vida, de amor, de carinho. As pessoas, quando estão fragilizadas pela saúde, encontram na enfermagem esse carinho." A homenagem da Alesp, segundo ele, é um pouco do reconhecimento que a categoria merece pelo exercício que desempenha. 
 
 
De forma geral, disse que no Brasil o trabalhador é valorizado, diferentemente do empresário e dos banqueiros. Apontou que o caminho para o trabalhador é buscar se informar para não ser alvo das enganações políticas. "Sem informação nós não formamos consciência."
Sobre a reforma da Previdência, diz que todos sabem ser necessária, mas qual a mudança a ser feita? "Será que o problema deste País é o trabalhador da saúde, o trabalhador simples? Ou será que o problema está numa esfera mais alta, onde pouca gente ganha mais do que quem realmente merece?" 
 
Ele espera que o Congresso Nacional faça mudanças para garantir a cidadania de quem precisa. "Espero que o Congresso não se venda por cargos, por posições ou por verbas: tem de prevalecer a dignidade."
Ele diz que o trabalhador da saúde não vai suportar uma longa jornada até os 65 anos e pior ainda se ficarem desempregado aos 55, 60 anos. "Quando vão conseguir se aposentar?" "Qual a condição que terão aos 65 anos aqueles que limpam o hospital, que atendem na enfermaria, de noite, nos plantões?".
 
 
 Por fim, lembrou que o País governa para transferir riquezas a banqueiros e especuladores. Falou dos mais de R$ 250 bilhões repassados aos bancos a título de juros da dívida pública. "Em dez anos, nossos governantes querem economizar R$1 trilhão com a mudança da Previdência, mas em dez anos o Brasil vai pagar mais de R$3 trilhões de juros da dívida para especuladores nacionais e internacionais." Ou seja, vai tirar do trabalhador para dar aos banqueiros.
 
O tenente Nascimento, deputado estadual, falou à plateia: "Vocês usam muitas vezes o seu tempo com pessoas que não são seus familiares, porque vocês têm compromisso com a vida." Lembrou-se de quando aos 8 anos foi  curado de febre reumática e contou com uma enfermeira, que chegou a oferecer a casa dela para que ficasse perto do hospital na fase de tratamento.
"O que seria da sociedade sem vocês, o que seria de nós? Vocês não têm o reconhecimento salarial, não tem o incentivo, mas nem por isso abandonam o que é melhor da sociedade, que é cuidar da vida", completou Nascimento.
Para  Ricardo Patah, presidente da UGT, é preciso uma reforma da Previdência que preze a igualdade entre os cidadãos. Para ele, não é possível uma categoria se aposentar com R$ 1.200,00. "Cuidam da saúde e quando conseguem se aposentar não tem uma aposentadoria digna."
Falou também que o Brasil não trata adequadamente a saúde, a educação e nem a cidadania de seu povo. Lembrou a reforma trabalhista, que tenta minar os sindicatos e a luta das entidades. O movimento sindical, garante Patah, ajudou a acabar com a ditadura, com a inflação e a criar a política de valorização do salário mínimo.
 
Edison Laércio de Oliveira, presidente da Federação Paulista da Saúde, lembrou que há 15 anos era criada a data que celebra o trabalhador da saúde e agradeceu ao deputado Rafael Silva pela presteza em propor a lei.
 
Destacou que mesmo com as tentativas do governo de acabar com o movimento sindical, a luta permanece. A prova disso seria o grande número de trabalhadores que lotaram o plenário para prestigiar a homenagem. "São 400 pessoas, no mínimo, vindas dos mais longínquos lugares para buscar o reconhecimento do povo de São Paulo."
O sindicalista destacou que vê no dia a dia a falta de reconhecimento à categoria. "Ganhamos muito pouco pelo que fazemos, mas não deixamos de atender ninguém. Muitas vezes vamos ao local de trabalho doente ou com alguém de nossa família doente, mas a dedicação é sempre a mesma."
Cumprimentou a todos que estiveram na Alesp para a sessão, representando o sindicato de cada região do Estado. "Sindicato hoje é uma palavra amaldiçoada na grande imprensa e por parte dos políticos. O sindicato deixa sua marca reivindicatória, de busca de direitos, de manutenção de direitos. Este é o movimento sindical brasileiro. E é este movimento que políticos, empresários, grande mídia querem acabar."
 
Edison Oliveira disse que tem alguma coisa errada nesse País e "não é o movimento sindical". É por isso que o novo governo age com maldade e tenta dar mais um tiro no sindicalismo: não deixando descontar mensalidade sindical na folha de pagamento. "Impede isso dando dinheiro para banqueiros, porque boletos chegam a custar R$ 8,00. O movimento sindical vai resistir."
Ele foi mais duro ainda na proposta da reforma da Previdência do governo. "É outra enganação. Devemos defender a reforma da igualdade e esta que o governo quer não tem igualdade. Nós, trabalhadores da saúde, estamos perdendo de novo Todos aqueles que trabalham na estrutura da saúde têm o direito de buscar a aposentadoria especial. Labutam por 25 anos, mas este morre na reforma da Previdência."
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

 

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