Funcionários do Hospital Perlatti se revoltam com pagamento "pela metade" e podem aprovar greve

09/03/2020

 A administração da Associação Hospitalar Thereza Perlatti “cutucou a onça com a vara curta” ao oferecer pagar apenas R$ 700,00 de salário neste mês. Os funcionários ficaram revoltados com essa “proposta indecente” e estão propensos a votar pela greve na Assembléia Geral a ser realizada pelo Sindicato da Saúde de Jaú e Região nesta sexta-feira, às 17h, na portaria do hospital.

Quando se reuniu segunda-feira (2/03) na sede do sindicato, a diretoria do Hospital Thereza Perlatti não falou em momento algum que iria pagar “pela metade” o salário de fevereiro neste quinto dia útil de março. Apenas pediu 45 dias de prazo para levantar junto a banco o valor necessário para quitar o décimo terceiro salário em atraso de 2019.

 
Na terça-feira, porém, o Hospital Perlatti informou aos trabalhadores que só tem como pagar R$ 700,00 a cada funcionário. Ou seja, em  muitos casos, não é nem metade do salário. À tarde, no hospital, em reunião com a imprensa e vereadores, a diretoria alegou que ficou sem repasse de convênio por causa de documentação irregular na prestação de contas.
 
Estado de greve – Sem o salário integral do mês, que se junta à falta do abono do ano passado, à falta de reajuste desde 2017 e ao não-depósito do FGTS e  outras pendências, os funcionários devem ir em peso à Assembléia desta sexta-feira.
A presidente do Sindicato da Saúde, Edna Alves, diz que se o problema fosse apenas  o prazo de 45 dias para quitar o 13º do ano passado, a Assembléia poderia aceitar a proposta e até um parcelamento, mas como de repente nem o salário foi pago a situação mudou de figura. “Todos fomos pegos de surpresa com essa notícia de que só vão pagar R$ 700 para cada um.”
“Os funcionários ficaram revoltados mesmo. Tem trabalhador chorando porque não sabe como vai pagar as contas, quita aluguel do mês... Mesmo aqueles que têm dois empregos, essa diferença de metade do salário faz falta. Na minha opinião os funcionários do Hospital Perlatti certamente vão votar pela greve”, diz Edna.
 
Trâmites - Na Assembléia vai ser votada essa questão do prazo de 45 dias para regularizar o décimo terceiro e também sobre esse salário de só setecentos reais.
“Se aprovado o Estado de Greve teremos um prazo para seguir os trâmites, que é comunicar as autoridades, solicitar escala de trabalho dos funcionários e definir quantos poderão sair para a greve e quantos terão de cumprir o expediente no setor para cumprir o que prevê a lei e garantir o atendimento aos pacientes”, informou a presidente.
A greve poderia começar a partir da meia noite do dia 25. 
 
Greve em 2017 - A presidente do Sindicato lembra que em 2017 já teve greve no hospital por 28 dias, com o sindicato e os trabalhadores saindo-se vitoriosos na decisão judicial. Na época os salários eram pagos com atraso todos os meses e também tinha pendências com o décimo terceiro. Após a greve a situação se normalizou, mas desde então o hospital nunca mais cumpriu a convenção coletiva em termos de reajuste salarial.
Edna estima que por conta dessa falta de reajuste nas três últimas convenções cada funcionário tenha cerca de R$ 3 mil a receber sem contar multa e juro. “Cada momento que vamos para a porta do hospital descobrimos novas dívidas para com os funcionários.”
 
Por Paulo Cesar Grange

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