Região: sobrecarga acende alerta para pedidos de demissão na Saúde

08/04/2021

 A sobrecarga de trabalho e os esgotamentos físico e mental dos profissionais de saúde que atuam na linha de frente no tratamento de pacientes com Covid-19 nos hospitais da região poderão levar a demissões em massa. O alerta foi feito pelo Sindicato dos Trabalhadores da Saúde de Jaú e Região (Sindsaúde), que é responsável por 13 municípios. A Federação dos Trabalhadores da Saúde do Estado de São Paulo (Federação Paulista da Saúde), da qual o Sindsaúde faz parte, encaminhou ofícios a autoridades do Estado e da União informando sobre o risco (leia mais abaixo).

 
Edna Alves, presidente do Sindsaúde, conta que a sobrecarga está ocorrendo em hospitais de toda a região. "Nós vamos correr o risco de ter demissão em massa", diz. "A sobrecarga está sendo geral. Não só de técnicos, auxiliares e enfermeiros, mas também médicos, fisioterapeutas, nutricionistas, fonoaudiólogas... O governo só está pensando em abrir mais leitos. E, quando eles falam em abrir número de leitos hospitalares para a Covid, não estão calculando quantos profissionais vão usar dentro daquele número de leitos".
 
De acordo com Alves, essa ampliação da rede hospitalar para tratamento de pacientes com o coronavírus decorrente do avanço da pandemia tem levado a uma escassez de mão de obra na saúde. "Nós estamos tendo dificuldade de achar profissionais", afirma. "A pressão psicológica é grande no tratamento da Covid. É um paciente com muito tempo de internação, que requer muito mais cuidados do que os outros". Alguns hospitais da região, segundo ela, têm até mesmo recorrido ao Sindicato em busca de currículos.
 
Diante da falta de profissionais, a presidente diz que, quem está na ativa, acaba absorvendo toda demanda de trabalho. "Às vezes, ele sai de um hospital de doze horas e vai cobrir mais oito, dez ou doze em outro", revela. "Ele está tendo a parte psicológica abalada. Futuramente, no pós Covid ou antes até, nós vamos ter muitos profissionais de saúde num estado de depressão, com síndrome do pânico". De acordo com ela, nas UTIs, o recomendado é que cada técnico de enfermagem cuide de dois pacientes. "Hoje, ele está ficando com oito, nove, até dez pacientes", declara.
 
SUPORTE
 
Alves conta que o Sindsaúde criou uma espécie de clínica em sua sede, com dois psicólogos, para dar apoio e suporte aos profissionais de Saúde. "De janeiro para cá, duplicou o número de profissionais procurando esses psicólogos. E muitos deles têm de ser encaminhados ao psiquiatra", diz. Projeto em análise pretende levar esse atendimento às unidades hospitalares. "O profissional de saúde hoje não está querendo aplausos. Nós precisamos diminuir a carga horária para 30 horas e também de um salário digno para não ter que ter mais do que dois ou três empregos", desabafa.
 
Autoridades alertadas
Em documento enviado a autoridades paulistas e federais, a Federação dos Trabalhadores da Saúde do Estado de São Paulo, em nome de 14 sindicatos, incluindo o de Jaú e região, alertou para os esgotamentos físico e mental dos profissionais da saúde que trabalham no combate à Covid-19 e para o risco de demissões em massa. No dia 24 de março, segundo a Federação, 24 profissionais, entre enfermeiros e técnicos de enfermagem, pediram demissão da Santa Casa de São Carlos. Receberam o documento, além de integrantes dos Executivos, representantes do Ministério Público do Trabalho (MPT) e Ministério Público (MP). "A garantia de salários dignos e adicionais condizentes com a função que exercem certamente levaria os profissionais a optar por apenas uma jornada de trabalho, tendo mais tempo inclusive para dedicação ao aperfeiçoamento profissional, que é muito importante para o setor de Saúde", declara o presidente da entidade, Édison Laércio de Oliveira.
 
Fonte: JCNET

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