Profissionais de saúde torcem por 3ª dose

20/09/2021

 Medo, angústia, exaustão fazem parte da rotina dos profissionais de saúde da linha de frente contra a Covid-19. A preocupação com o avanço da variante Delta cresce em meio às novas ondas da doença e ao debate sobre a possível necessidade de aplicação de dose de reforço, já anunciada pelo Ministério da Saúde para idosos e imunossuprimidos.

 
 
— Eu fui uma das profissionais de saúde que se formaram por causa da pandemia (com a colação antecipada). Esse tempo todo, trabalhei em hospitais de campanha, UTIs de Covid... Sempre, sempre, sempre tive muito medo de trabalhar. Com certeza, gera uma tensão muito grande. O maior medo não é só de contrair, mas também de passar para familiares que são mais idosos ou que têm comorbidades — conta a médica plantonista em UTI Nadja Azevedo, de 26 anos.
 
A pasta, contudo, ainda não bateu o martelo em torno da questão. A dose adicional para o grupo é avaliada pela Câmara Técnica Assessora de Imunização Covid-19 (Cetai), que conta com integrantes do ministério e de órgãos governamentais e não governamentais, entre outros. 
 
Até o momento, a pasta avalia que faltam evidências científicas que confirmem essa necessidade e aguarda dados sobre a morbimortalidade — índice de óbitos por causa de uma mesma doença dentro de um grupo populacional — dos profissionais de saúde em relação ao coronavírus.
 
— Eu pedi a um dos integrantes da Cetai que fizesse uma avaliação da morbimortalidade dos trabalhadores em saúde e, na próxima reunião da Câmara Técnica vão trazer esses dados. Se houver ali uma evidência robusta, uma evidência que nos indique a necessidade de aplicar essa dose de reforço também nos profissionais de saúde, nós o faremos — afirmou o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga.
 
Impactos emocionais
Aos riscos da Covid-19 soma-se a rotina exaustiva carregada pelas incertezas trazidas pela pandemia.
 
A enfermeira Clara Ilke Soares, 23, desenvolveu burnout em abril diante da carga emocional de trabalho, durante o qual chegou a perder uma paciente de 30 anos, às vésperas de ser contemplada pela primeira dose.
 
— Eu já passei por tanta coisa que nem sei mais. Eu não diria que é medo, não. Eu diria que a fase do medo já passou, é mais uma apreensão com as variantes novas. Até agora a CoronaVac está me protegendo — afirma a residente em saúde da família com foco na população do campo, que completa: — O fato de ser residente já te expõe a muitos estresses, uma carga de trabalho muito alta... E eu peguei, além de tudo isso, uma pandemia que ninguém conhecia.
 
Fonte: exame.com

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