Um levantamento feito pela Anahp (Associação Nacional de Hospitais Privados), publicado pela Folha de São Paulo, nesta segunda-feira, revela que a relação de hospitais e fornecedores tem azedado com os planos de saúde, devido a dívida que só cresce por causa da falta de pagamento dos valores dos procedimentos e materiais.
De acordo com a Anahp, os cortes nos valores das faturas, que variavam entre 10% e 15% em 2023, vão aumentar. Somente no primeiro trimestre deste ano chega perto dos 30%.
As glosas são consideradas as maiores vilãs. Esta é uma prática comum no setor, segundo a reportagem, que ocorre quando as operadoras questionam ou pedem detalhamento sobre as cobranças dos hospitais e fornecedores antes de efetuar o pagamento. A parcela de faturas glosadas, que historicamente girava em torno de 3,5% da receita bruta no passado, se aproximou de 12%, superando os R$ 4,7 bilhões em 2023, segundo a Folha. O levantamento anterior apontou incidência de 9%.
O mais estranho - que é possível inferir da matéria - é que a maior parte do total glosado acaba sendo reconhecida pelo plano, o que faz um dos entrevistados reconhecer que é uma tática utilizada por todos os planos de saúde para aumentar o fluxo de caixa, mas que prejudica o dos hospitais e fornecedores. Sem contar a prática de descredenciamento de serviços por parte das operadoras.
"Vive-se um desajuste estrutural, no qual os custos pela assistência à saúde não são mais suportados pela cadeia como um todo. Reclamam as empresas contratantes dos planos, que não estão conseguindo acompanhar os custos. Reclamam as operadoras. O sistema enfrenta ineficiência e desperdícios, incorporação de alta tecnologia e fraudes. Reclamam os prestadores de serviço, em particular os hospitais e o segmento de medicina diagnóstica, cujos fluxos de caixa foram transformados pelas operadoras em fonte para a cobertura das dificuldades por elas sofridas", diz a Anahp à Folha.
Pesquisa da Abraidi (Associação Brasileira de Importadores e Distribuidores de Produtos para Saúde), realizada com cerca de 300 associados, confirma o aumento de pagamentos retidos. Em 2023, apontava cerca de R$ 1 bilhão em vendas cujas notas fiscais não podiam ser emitidas pelos fornecedores, mesmo após a realização de procedimentos previamente autorizados, mantendo a transação sem registro oficial por um longo período. No levantamento divulgado neste ano, esse número subiu para R$ 2,3 bilhões.
Fonte: Folha de São Paulo