Corpo e mente: os benefícios da prática esportiva na saúde mental

29/07/2024

Começaram na última sexta-feira, 26 de julho, os Jogos Olímpicos de Paris. A edição será marcada pelo retorno da maior ginasta da atualidade à competição. A americana Simone Biles não participou nas Olimpíadas de Tóquio, há três anos. Essas ausências não são incomuns no esporte, geralmente motivadas por lesões no corpo. Mas o problema que afastou Biles dos Jogos no Japão foi de outra ordem. Ela afirmou que precisava cuidar da saúde mental.
 
 
A ausência da medalhista olímpica, que levou quatro ouros na Rio 2016, levantou a discussão da relação entre esporte e saúde mental. A mensagem de Biles ultrapassou o tablado e deixou uma lição importante mesmo para quem não é atleta. “Temos que proteger nossas mentes e nossos corpos, e não apenas sair e fazer o que o mundo quer que façamos”, disse a ginasta em entrevista a jornalistas, à época.
 
 
e, para Biles, a prática a exauriu psicologicamente, é justamente a atividade física que colabora de forma positiva para o bem-estar de muitos praticantes. As chaves, indicam especialistas ouvidos pela reportagem, são o equilíbrio e o papel do esporte na vida da pessoa. Ao contrário da americana, a atividade física funciona como uma pausa no estresse diário e oferece um momento de distração dos problemas pessoais e profissionais para praticantes amadores.
 
 
Esse desvio da rotina vem com a demanda de concentração feita pelo esporte, segundo a psicóloga baiana Itana Moreno: “A atividade física força que a gente tenha aquele momento obrigatório para focar em uma única coisa”. Profissional de Educação Física e professora de kettlebell sport em Salvador, Priscila Beck concorda: “A gente anda muito disperso, fazendo uma coisa e mil ao mesmo tempo, está o tempo inteiro em multiatenção”.
 
 
Segundo a psicóloga, o exercício é um dos três pilares para a manutenção da saúde mental, ao lado de uma boa alimentação e um bom sono. “É o melhor medicamento para depressão e ansiedade”, afirma Itana. Priscila Beck conta que muitos alunos procuram as aulas de kettlebell sport para controlar a ansiedade. Com a prática, que exige o uso de cada braço por vez para fazer o exercício, a paciência do praticante é treinada.
 
 
A psicóloga diz que a prática de esportes ou outras atividades físicas é terapêutica, mas faz uma ressalva: “Não é terapia. Não é substituível, porque são coisas diferentes. Na terapia, há uma abordagem muito mais profunda”, explica. Ainda assim, Itana diz que se o paciente estiver com dinheiro contado, ela orienta a pessoa a primeiro investir numa atividade física e, depois, na terapia. “São incontáveis os efeitos positivos”.
 
 
Ela cita como exemplos desses efeitos a melhora da autoestima, pelo praticante se sentir mais ativo, e a sociabilização promovida por muitos esportes. Além disso, a atividade física gera a liberação de neurotransmissores associados ao bem-estar, melhora o condicionamento físico e ajuda na qualidade do sono. Essa, diz Itana, é uma demonstração da conexão entre corpo e mente.
 
 
Os esportes e, em especial o kettlebell sport, diz Priscila, costumam exigir muita energia dos alunos, o que ajuda a melhorar a qualidade da saúde mental. “O kettlebell sport é um trabalho multiarticular que ‘aterra’ a gente. É muito comum que um atleta durma depois de competições, por exemplo, porque ele teve uma estafa do sistema nervoso central”, conta a professora, que cita como benefícios da prática a melhora do sono e a diminuição de dores musculares articulares.
 
 
Superação
Para a jornalista Patricia Abreu, 46 anos, o esporte foi a salvação depois de um período abalada com um câncer enfrentado pela mãe. Apesar de sempre manter uma rotina esportiva, o diagnóstico da doença a fez abrir mão da prática de exercícios e de uma alimentação saudável. “Eu engordei 20 quilos porque eu estava comendo a minha ansiedade”, relata.
 
 
Trabalhando em Salvador e com a mãe internada em Itabuna, cidade do interior da Bahia em que nasceu, Patricia passou a se alimentar exclusivamente de comidas de fast food. “Eu me abandonei completamente, o afastamento de minha mãe me angustiava”, diz a jornalista que só mudou a rotina após uma viagem para Itabuna, onde recebeu um alerta. “Minha mãe recomendou que eu voltasse a comer comida de verdade e passasse a cuidar de mim”.
 
 
A frequência e o compromisso com a saúde encontraram outro empecilho: o isolamento causado pela pandemia de coronavírus, que começou em 2020. “Eu não conseguia mais me enxergar, passei por momentos péssimos”, diz Patricia. A mudança veio com o puxão de orelha do amigo e professor de Educação Física baiano Bruno Doria que propôs uma nova rotina para Patricia.
 
 
O profissional traçou um planejamento de 30 dias com treinos funcionais diários e acompanhamento nutricional. Para Bruno, escolher o exercício físico foi fundamental para organizar a rotina de Patricia. “A gente tem que treinar, cuidar da alimentação, do trabalho... e tudo isso se reflete na nossa saúde mental”, explica.
 
 
A jornalista diz que a maior transformação não foi na balança e sim na mente. “Eu nem sei quantos quilos eu perdi depois desse desafio, mas foi uma mudança de chave”, afirma. Desde então, Patricia treina diariamente e reveza as atividades entre musculação, corrida e treino funcional. “Quando eu percebo que vou entrar em alguma ‘noia’, eu vou lá, e treino. Isso me revigora”, conta.
 
 
No ano passado, enquanto cobria os Jogos Pan-Americanos no Chile, a jornalista descobriu uma infecção urinária que causou fortes dores durante a cobertura do evento. “O que me salvou foi o estilo de vida saudável que eu já estava cultivando, eu não tenho dúvidas”, diz.
 
 
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Fonte: A Tarde

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