A expectativa de vida no interior de São Paulo chegou a 76,8 anos em 2023 e voltou ao mesmo patamar de antes da pandemia de covid-19. Em 2019, a expectativa era de 76,9 anos para a população dessa área, que abrange a Região Metropolitana de Campinas (RMC). Em 2021, durante o período de pico da doença, chegou a 72,7 anos, de acordo com o estudo “Esperança de Vida Paulista”, divulgado pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade).
“A implementação de políticas públicas e intervenções sanitárias, que visavam ao tratamento e à prevenção da doença, destacando-se a vacinação massiva contra o vírus, permitiu o resgate das condições de saúde e sobrevivência da população paulista”, afirmou o pesquisador Carlos Eugenio de Carvalho Ferreira, responsável pelo trabalho.
A pesquisa apontou um ganho de 8 meses em relação a 2022, o que posiciona o interior paulista entre a média da América do Sul (76,2 anos) e da Europa (79,1), na comparação com as estimativas da Divisão de População das Nações Unidas para 2023 divulgada neste ano. A projeção é superior à média do Brasil, 75,9 anos, apontou o estudo da Seade. “As estimativas indicam a consolidação do processo de recuperação da esperança de vida paulista e apontam para novas tendências de crescimento, que, muito provavelmente, darão continuidade aos progressos registrados no passado”, analisou o pesquisador.
A projeção para o interior é ligeiramente inferior à média do Estado, 77,2 anos, que é puxada para cima pela expectativa de vida no município de São Paulo (78,5 anos) e na Região Metropolitana paulistana (77,7 anos). O estudo da Seade mostrou ainda diferença na expectativa de vida entre os sexos. No interior, são 73,8 anos para os homens, a mesma expectativa de 2019, e de 79,9 anos para as mulheres. Há cinco anos a esperança de vida era de 80 anos cravados para elas.
DIRECIONAMENTO E AÇÕES
A análise da dinâmica demográfica da população no Estado é baseada nos dados coletados nos Cartórios de Registro Civil de todos os municípios. Essas informações estão integradas ao Sistema Estatístico Nacional, coordenado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com o acervo sendo usado para a definição e monitoramento de políticas públicas.
Em Campinas, as ações envolvendo a prevenção, tratamento de saúde e acolhimento de pessoas acima de 60 anos de idade são multidisciplinares e envolvem três secretarias municipais: Desenvolvimento e Assistência Social, Esportes e Saúde. Elas incluem desde as cerca de 500 academias ao ar livre espalhadas pela cidade, práticas integradas nos 68 centros de saúde, manutenção de instituições de longa permanência para esse público e até o Centro Dia da Pessoa Idosa, uma espécie de “creche” para pessoas em situação de vulnerabilidade, inaugurada há 11 meses.
De acordo com a presidente do Conselho Municipal do Idoso, Karla Borghi, o trabalho é voltado para garantir autonomia, integração social e os direitos desse público. “Os idosos que estão isolados são muito mais vulneráveis à violação de seus direitos. Ao participarem de um grupo, um cuida do outro. Quando um falta, há uma preocupação geral para saber o que está acontecendo”, explicou.
Essa integração e a fraternidade estão presentes no grupo que ontem jogava bingo à sombra de uma árvore em frente ao Centro de Vivência do Idoso (CVI), na Lagoa do Taquaral. Após participarem das atividades físicas oferecidas, Alcides de Oliveira (92 anos), Olga Parras (79), Clésio Veiga (72), Diná Moro (85), Paulo Oya (80), Maria Itazir (82) e o caçula do grupo, Lúcio de Oliveira (58), se divertiam entre as pedras cantadas e a marcação nas cartelas.
“Aqui é muito bom, é ótimo para passar o tempo. Estamos aqui de segunda a sexta”, disse Olga da Silva Parras, entre o anúncio de um número sorteado e outro. O mais experiente do grupo é também o frequentador há mais tempo do CVI. “Venho há uns 20 anos”, disse Alcides Alves de Oliveira. Os demais frequentam o espaço há um pouco menos de tempo, cerca de 15 anos. As atividades no CVI são variadas ao longo da semana, incluindo ginástica localizada, alongamento, movimento vital expressivo, lian gong, damas, tênis de mesa e voleibol adaptado.
Fonte: Correio Popular